quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ceará perde 319 ha de Mata Atlântica por ano, sendo menor desgaste observado em Itarema, com 2 ha.

Estado conta hoje com 5% do bioma, uma das menores coberturas do País, perdendo apenas para Goiás, com 3%
Hoje é o Dia do Meio Ambiente, mas parece não haver motivos para celebrar, e sim para se espantar com a tamanha devastação: o Ceará perdeu, entre 2011 e 2012, cerca de 3,19 milhões de m² (319 hectares) da cobertura de Mata Atlântica. Esse bioma já é bem raro no Estado, presença de apenas 5,3% do território (45.544 ha), e perde apenas para Goiás, com 3%. Conforme especialistas, a maior fragilidade está nas restingas, dunas e mangues, no litoral, nas áreas de maior adensamento humanos e com especulação imobiliária. Se o desmatamento continuar com essa velocidade, deixaremos, então, de ter mais essa paisagem?

A Capital, em Fortaleza, por exemplo, não tem mais registro de Floresta Atlântica. Conforme estudo divulgado ontem pelo grupo SOS Mata Atlântica, a Cidade tinha, originalmente, 64% de cobertura, hoje está "zerada".

Entretanto, essa realidade do Ceará não é única, outros 17 estados seguem no mesmo ritmo. O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado ontem, revelou que esse desmatamento (entre os anos de 2011 e 2012) causou a perda de uma área de 235 Km² de floresta, uma taxa anual considerada a maior desde 2008. No período de 2008 a 2010, no entanto, a taxa média anual de desflorestamento foi 151Km². No levantamento de ontem, ficou 140 Km².

Para Márcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica, o Ceará já teve a maior parte da sua floresta destruída. A parte mais fragilizada, segundo ela, são restingas (uma área de transição entre a mata e o mar), mangues e dunas. "Percebemos, sim, problemas sérios em Baturité, por exemplo, de dunas que estão sofrendo com a especulação e com a energia eólica. Vamos monitorar essas áreas com dunas. Esse é o nosso próximo desafio", diz Márcia.

Conforme o Atlas da SOS Mata Atlântica, dos 319 hectares de floresta que o Ceará perdeu, a maioria foi em área de restinga. O município com maior perda foi Trairi, com 67 ha devastados, seguidos de Paracuru (65 ha) e São Gonçalo do Amarante (57 ha). O com menor desgaste observado foi Itarema, com 2 ha.

Para o geógrafo e também professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, o litoral é uma das áreas mais ameaçadas e visadas do Ceará, principalmente os parques de dunas e as restingas. Para ele, esse bioma não deveria nunca ser tocado, visto que são os de maiores biodiversidade e os pontos de apoio para as comunidades tradicionais que ali sobrevivem.

"Temos que definir uma política pública que proteja a essência desses biomas, que é o solo e a água. Temos que cuidar justamente para evitar o aquecimento global, desabastecimento dos lençóis freáticos e também a ´financeirização´ desses sistemas ambientais e da vida", informa.

O presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente do Ceará (Conpam), Paulo Henrique Lustosa, também vê com preocupação essas devastações. "Todas os nossos biomas de serra e do litoral estão protegidas sim, são áreas de proteção ambiental", finaliza Lustosa.

Com os dados atualizados, sabe-se que restam apenas 8,5% dessa vegetação original no País.

IVNA GIRÃOREPÓRTER























(Diário do Nordeste) 

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